Rumo à Rio+20, presente e
futuro
Proposta para
inclusão de uma Carta de Responsabilidades Universais
na agenda da
comunidade internacional
durante a
Conferência Rio+20 da ONU
4 de Janeiro de 2012
Os presentes, membros do FÓRUM Internacional de
ÉTICA & RESPONSABILIDADE[1], representando
redes sociais e profissionais nacional e internacionalmente, pedem a seus
respectivos governos que mostrem determinação no tratamento das atuais crises
que a humanidade e o planeta estão enfrentando. A Conferência Rio+20 da ONU,
que será realizada em Junho de 2012, oferece um momento único para que os
governos assumam prontamente a responsabilidade pelos desafios que precisam ser
urgentemente tratados. A Rio+20 pode se tornar um momento histórico de mudança,
um primeiro passo na estrada rumo à
adoção de uma Carta de Responsabilidades Universais.
Preocupações crescentes
Em
diversos países do mundo, a pressão demográfica está sendo agravada pelos desastres
ambientais e pelas consequências das crises econômicas e financeiras. Paralelamente,
há uma baixa expectativa na obtenção de acordos efetivos nos níveis políticos
internacionais.
A falta de um elo
A proteção dos Direitos Humanos está assegurada
na Declaração Universal de 1948 e em suas subseqüentes convenções para sua
implementação que estimularam a construção de uma jurisprudência nacional e
internacional. Entretanto, não há tal texto de referência que obrigue os países a assumirem
responsabilidades, a avaliar os impactos de decisões tomadas à distância e a
prestar contas pelas conseqüências de seus atos, sejam estes atores indivíduos,
organizações, corporações ou governos. Mesmo assim, a responsabilidade pela
proteção do meio ambiente e a garantia de uma vida digna para as gerações presentes
e futuras são uma tarefa comum que precisa ser assumida por
todos, em diferentes graus.
Preenchendo as lacunas
Um novo texto-base sobre ética internacional é necessário: um
“terceiro pilar” para a vida internacional que funcione como um
complemento indispensável para a Carta da ONU sobre Paz e Desenvolvimento e para a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Uma Carta de Responsabilidades Universais certamente estimulará a aplicação
do princípio de precaução, incentivará o uso sustentável dos recursos naturais
e melhorará a equidade e o bem-estar social. Além disso, a Carta pode oferecer uma base jurídica internacional que
possa preencher lacunas com relação à atribuição de responsabilidades dos
atores em vários níveis e setores da atividade humana.
1992… um momento de
esperança
Há 20 anos, a
primeira Cúpula Mundial ocorreu no Rio de Janeiro. Muitos dos envolvidos
estavam altamente esperançosos em obter um progresso no campo das ações
relativas às mudanças socioambientais globais. Três anos antes, o Muro de
Berlim havia caído e esperava-se a construção de uma nova ordem mundial pacífica,
sustentada pela expansão da democracia e novos arranjos de mercados. Ao mesmo
tempo, a Rio92 reconhecia que as mudanças climáticas e a degradação ambiental
precisavam entrar na agenda internacional. O conceito de desenvolvimento
sustentável foi introduzido, a fim de orientar os esforços para trazer
coerência entre as questões ambientais, econômicas e sociais.
2012… vinte anos de desencanto
Vinte anos depois: quem negará que há um
desencantamento? A economia global disseminou prosperidade, porém altos níveis
de pobreza e desigualdade ainda persistem em todo o planeta. Em muitos países,
a coesão social está em perigo e, apesar da ideia de desenvolvimento
sustentável, os atuais impactos negativos na biosfera e seus consequentes
impactos sobre os seres humanos estão aumentando. Tudo isso contribui para
multiplicar as dúvidas sobre a eficácia do modelo dominante de desenvolvimento
e o espaço que ele abre para o capitalismo financeiro.
Rio+20... uma
mudança na tendência?
Neste contexto,
existe uma preocupação generalizada sobre a efetividade dos resultados da
Rio+20. Ao mesmo tempo, há um forte desejo emergindo da sociedade civil de
evitar um fracasso e de encontrar um caminho que atenda aos desafios do
milênio. Mas como?
Em primeiro lugar, a
questão da interdependência global precisa de atenção
pragmática. Líderes políticos e econômicos, cujas ações afetam o mundo inteiro,
precisam prestar contas apenas às suas respectivas constituições, seus eleitorados
e acionistas, além de estarem legalmente subordinados apenas às suas leis
nacionais. Contudo, interdependência global exige prestação de contas em nível internacional.
Em segundo lugar, a atual agenda da Rio+20
pretende focar em: a) Economia Verde no contexto de desenvolvimento sustentável
e erradicação da pobreza e b) estrutura
institucional para o desenvolvimento sustentável. Contudo, a questão que se
coloca é se as discussões destes temas tratarão da crise fundamental que
está por detrás da atual crise
ambiental, econômica, financeira e social: a ausência de um acordo claro sobre
a questão essencial: quem é responsável pelo que e quem responde
a quem?
O fracasso da Rio+20 pode ser evitado. Considerando
os enormes desafios comuns que o mundo está enfrentando, os governos, representantes
de seus povos – juntamente com a sociedade civil –, poderiam mostrar ao mundo
sua determinação em compartilhar as responsabilidades no espaço da Rio+20, onde
poderá ser definido um caminho em direção à construção de uma base extra para a
vida internacional: uma Carta de
Responsabilidades Universais.
Para enfatizar a ideia de co-responsabilidade, um diálogo sobre este novo fundamento das
relações internacionais irá ganhar impacto considerável quando conduzido por
meio de consultas a representantes de todos os setores relevantes da sociedade
civil.
Responsabilidade... uma ideia
universal
A ideia de responsabilidade pode ser encontrada
em todas as culturas. Ela é o cerne da estrutura social, a base da
reciprocidade nas relações humanas e o corolário dos direitos humanos. E, assim como a interdependência tornou-se
global, as responsabilidades tornaram-se universais.
Ao pensar em Bangladesh e outros países
costeiros ou insulares, notamos que o aumento do nível do mar causado pelos
gases de efeito estufa e pela mudança climática está colocando a existência destes
países em risco. Esta é uma consequência de seus próprios atos ou é o resultado
de uma negligência mais ampla? Para quem devemos nos dirigir quando o assunto é
desenvolver um plano coordenado que possa minimizar este provável e silencioso
crime contra a humanidade?
Identificar responsabilidades é necessário para
construir caminhos que tragam soluções para estes desastres.
Em todos os lugares, notamos que está surgindo um
chamado para a adoção destas responsabilidades, sendo tipicamente ilustrado
pelo movimento mundial a favor da responsabilidade social das empresas. Tal
chamado precisa ser apoiado por uma resposta no âmbito da política
internacional, caso contrário, ele servirá apenas como mero exercício de
retórica.
Chegou a época em que é preciso aceitar o fato
de que interdependência global tem de
ser traduzida em diretivas internacionais. Esta é a razão pela qual é
necessário o apoio da Assembléia Geral da ONU com relação à adoção de um
terceiro pilar para construir a comunidade global. A Rio+20 nos oferece uma
oportunidade única para iniciar esse processo.
A Sociedade Civil tomou a
liderança…
Nos últimos dez anos, os signatários participantes
do Fórum Internacional sobre Ética & Responsabilidade, iniciaram um
processo em vinte países de diversas partes do mundo, com grupos sociais e
profissionais, buscando desenvolver “culturas de responsabilidade”. Dada a
seriedade da situação sem precedentes que a humanidade está enfrentando,
acreditamos que chegou a hora de pedirmos a nossos governos que apóiem estas
iniciativas, consolidando-as e reforçando-as por meio do estabelecimento de um
texto-referência internacional a respeito das responsabilidades humanas.
… e os Governos vão aceitar?
Nós pedimos aos líderes nacionais e
internacionais que demonstrem coragem e discernimento com relação às suas
obrigações para com as pessoas que o elegeram. A Rio+20 pode se tornar um
momento histórico onde os governos se comprometam a seguir e a respeitar uma nova e concreta abordagem para a
criação de uma “comunidade de destino”
baseada no reconhecimento de tarefas e responsabilidades comuns.
Estamos em um momento histórico decisivo. A fim
de tornar a Rio+20 uma ocasião de mudança, pedimos a nossos governos que apóiem
qualquer iniciativa de um país ou de um grupo de países com o intuito de
começar um processo em nível governamental internacional para definir um
caminho em direção à adoção de uma Carta
de Responsabilidades Universais[2].
************
Este
chamado aos Governos é assinado pelos membros do Fórum Internacional Ética
& Responsabilidades e apoiado por
pessoas, organizações e redes
mencionadas abaixo
Coordenadoria Geral
·
Coordenadora Geral: Edith Sizoo edith.sizoo@lc-ingeniris.com
- Comunicação: Marina Urquidi marina@alliance21.org
Representantes de Redes Sociais
e Profissionais
- Economia Solidária: Ben Quinones (Filipinas)
benqjr117@yahoo.com
- Cadres Entreprise (IRESCA): Michel
Dessaigne (FR.) dessaigne.michel@gmail.com
- Ética Empresarial: SPES
Hendrik Opdebeeck (Bélgica) hendrik.opdebeeck@ua.ac.be
- Empreendedores:
Climène Koechlin (França) ckoechlin@worldforum-lille.org
- Responsabilidade
Governamental & Ambiental: Te Kawehau Hoskins (Nova Zelândia): tk.hoskins@auckland.ac.nz
- Educação sobre o Meio-Ambiente: Yolanda
Ziaka (Grécia) polis@otenet.gr
- Direitos e Responsabilidades Humanas: V.J. Byra Reddy (Índia) brijeshvj@gmail.com
- Rede de Juristas: Philippe Pedrot phpedrot@free.fr
- Militarismo e Paz: Manfred
Rosenberger (All./FR) manfredrosenberger@free.fr
- Aliança Internacional de Jornalistas: Manola Gardez (FR) manolag@gmail.com
- Setor da Juventude: Pinky Cupino (Filipinas) pcupino@hotmail.com ; Lydia
Nicollet lydia@infocom21. net;
Delphine Leroux delphine.leroux@mondepluriel.org
- Organização Comunitária:
Nina Gregg (EUA)
gregg.nina@gmail.com
- Pactos Sociais: Diego Escobar (Colômbia) diegoesco@gmail.com
- Migrantes: Ricardo Jiménez (Chile) ricardojimenez06@yahoo.es
- Assembléia Internacional de Habitantes: Cristina Reynals
(Argentina) cristina.reynals@habitants.org
Cesare Ottolini (Itália) cesare.ottolini@libero.it
- Rede de Aposentados: Pierre Caro (França) pierrecaro@neuf.fr
- Globethic: Christoph Stueckelberger (Suiça) stueckelberger@globethics.net; Nadia Gianoli (Suíça) gianoli@globethics.net
Representantes
Regionais
- ÁSIA: Sudha Sreenivasa sudha179@gmail.com
- AMÉRICA LATINA exceto o Cone Sul: Isis de
Palma isis@educ-imagens.com.br
- AMÉRICA LATINA Cone Sul:
Ricardo Jiménez ricardojimenez06@yahoo.es
- PACÍFICO:
Betsan Martin betsan@response.org.nz
Fundação Charles Léopold Mayer (FPH)
- Presidente do Conselho: Pierre Calame p.calame@fph.ch
******************
Pessoas e organizações que apoiam este chamado aos
GOVERNOS:
INGENIEURS
SANS FRONTIERES (França): Tanguy MARTIN, Presidente, tanguy.martin@isf-france.org
CENTRE DES
JEUNES DIRIGEANTS pour une économie au service de l'Homme et de la Vie
(França): Michel MEUNIER, Presidente, mmeunier@cdj.net
Mireille
ZUGMEYER (França), Aposentada, mireille.zugmeyer@laposte.net
Instituto Ágora em Defesa do Eleitor e
de Democracia (Brasil), Gilberto de Palma, Diretor Institucional, agora@agoranet.org.br
Alampyme-BR Associação Latinoamericana
de Micro, Pequenas e Médias Empresas, (Brasil)
Sergio
Miletto, Presidente, presidencia@alampymebr.org.br
Change Mob
(Brasil) João Felipe Scarpelini, Presidente, jfscarpelini@gmail.com
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